Não há diferenças fundamentais entre o homem e os animais nas suas faculdades mentais (...) os animais, como os homens, demonstram sentir prazer, dor, felicidade e sofrimento.

(Charles Darwin - O Homem Decente)

Veja as razões do blog aqui.



sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

E nos laboratórios?

Um ponto importante a se lembrar sobre proteção animal é que ela não se restringe apenas aos animais domésticos, geralmente amados por seu companheirismo e sua característica de demonstrar afeto e alegria ao seu tutor.

Não consigo imaginar uma tese que fundamente e me convença que uma espécie é mais importante que outra pelo simples fato de serem diferentes.

Todos os dias animais são cruelmente utilizados como objetos em laboratórios, dos ratos aos adorados cães, muitos são sacrificados ou submetidos a tratamento cruel em nome da ciência.

Passamos agora por um breve relato sobre os testes, após, a legalidade desses atos e, por fim, meios alternativos de experimentação.


1. Quais são e como são realizados os testes?

A idéia aqui não é esgotar o assunto, mesmo porque não tenho conhecimento científico para tanto, tampouco intenção de invadir a área das ciências biológicas.

Em resumo, a prática da vivissecação “define-se como o acto ou a prática de fazer experiências em animais vivos, geralmente sem recorrer a qualquer tipo de anestesia”*, enquanto a dissecação é um “método de aprendizagem para o estudo da anatomia, fisiologia e da teoria da evolução”* em animais mortos para esse fim.

Alguns testes comuns* (veja lista completa aqui):

Teste Draize de irritação dos olhos: Diversas substâncias são introduzidas nos olhos de coelhos e outros animais, causando frequentes e dolorosas ulcerações. É comum nos testes de cosméticos.

Teste da dose letal: Os animais são forçados a ingerir substâncias para ver qual o efeito no seu organismo. A dosagem da substância vai diminuindo até que morra apenas uma pequena percentagem de animais, mas antes que isso aconteça milhares de animais são sacrificados. É comum nos testes de produtos de limpeza.

Teste de irritação dermal: O pêlo dos animais é raspado e a pele sensibilizada. São aplicadas substâncias na pele (ultra-sensível) dos animais. Ratos, coelhos, primatas, cães, gatos, porcos, camundongos e porquinhos-da-índia são os animais mais procurados e usados para estes fins. É comum nos testes de cosméticos.


Testes de colisão: Os animais são lançados contra paredes de cimento. Babuínos, fêmeas grávidas e outros animais são despedaçados e mortos nesta prática. São comuns nos testes de viação.

<E 2. E a legislação brasileira, se preocupa com isso?

Essa é uma pergunta complexa. Se a resposta restringe “preocupação” com “previsão legal”, sim, como vemos abaixo a transcrição do artigo 32 da lei 9605/98:

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena: Detenção, de três meses a um ano, e multa.

§1° Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

§2° A pena é aumentada de um sexta a um terço, se ocorre morte do animal.

Entretanto, se o seu conceito de preocupação vai além da previsão legal e passa pela eficácia da lei bem como o caráter punitivo e preventivo da pena, receio não ter boas notícias.

Vejam bem, a pena base aplicada é de 3 meses a um ano e multa. Levando em consideração que nosso código penal prevê a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos nos casos em que a pena não ultrapassar 1 ano e, ainda, que penas não superiores a 6 meses podem ser substituídas pela pena de multa, pouco provável que o agente causador de tal sofrimento ao animal passe alguns dias atrás das grades.

Tudo isso sem comentar o provável interesse financeiro envolvido nas indústrias farmacêuticas e de cosméticos... Não vou meter o focinho nisso.


3. Quais as alternativas?

Antes de falar em alternativa é importante salientar que o fato de um produto ter sido testado em animais não garante a boa aplicação aos seres humanos, vez que, ainda que tenhamos muito em comum, em diferentes espécies o produto pode reagir de formas diferentes sendo que, na prática, quando o produto for testado pela primeira vez no ser humano é que saberemos se funcionam para os humanos ou não. Ou seja, os humanos acabam sendo as cobaias dos próprios humanos, tornando a experimentação animal ainda mais injustificável.

Quanto às alternativas, são muitas. Desde autópsias em animais já mortos, fabricação de órgãos e tecidos humanos in vitro para o fim de experimentação do produto e o resultado mais confiável de como este irá reagir no ser humano.


Finalizo esse post com um pedido: Existem diversas indústrias farmacêuticas e cosméticas que não testam em animal (mais uma prova de que os testes são desnecessários). Não vou fazer campanha, tampouco propaganda dessas empresas... Mas informem-se e, sempre que possível, prefiram os produtos provenientes de uma empresa ética.


A pata e uma lambida em vossos narizes!






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